A Prelazia do Marajó, no Pará, recebeu nos últimos dias a quinta edição da Missão da Vida Religiosa Consagrada Jovem, organizada pelo Setor Juventudes e Novas Gerações da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB). A atividade missionária iniciou com uma Celebração Eucarística no último dia 16, presidida pelo arcebispo metropolitano de Belém e vice-presidente da CNBB Norte 2, dom Alberto Taveira Corrêa, na Basílica Santuário de Nazaré, em Belém-PA.

O grupo composto por 43 religiosos vindos de 28 congregações espalhadas entre 14 estados brasileiros participou, ainda na capital paraense, de uma formação na quarta-feira, 17, sobre a realidade eclesial, social, geográfica e econômica do arquipélago marajoara. Foi um dia inteiro de palestras e orientações em preparação aos dias de missão. A coordenadora da Comissão Justiça e Paz da CNBB Norte 2, Marie Henriqueta Cavalcante, a diretora executiva do Instituto Pastoral Regional (IPAR), Ir. Vânia Carvalho, e o frei Atílio Bastittuz, da Prelazia do Marajó, foram alguns dos facilitadores deste momento formativo.

A quinta-feira, 18, chegou e as primeiras horas do dia foram marcadas pela expectativa do grupo. No Porto Bom Jesus, local de partida dos Catamarãs com destino ao Marajó, de longe se ouviam os tambores e cantos. Os religiosos contagiaram o local com a animação que demonstrava a ansiedade de todos eles. Foram necessárias 6 horas até a cidade de Breves-PA, primeira parada. Acolhidos no Centro Tagaste, algumas horas de descanso e, no início da noite, a Celebração Eucarística de Envio presidida pelo prelado do Marajó, dom Evaristo Spengler. Sinal forte do compromisso de Igreja em Saída, cada missionário recebeu um crucifixo, uma bíblia e calorosos abraços do bispo, da coordenadora regional da CRB, Ir. Jucélia de Jesus e da coordenadora do Setor Juventudes e Novas Gerações, Ir. Clotilde Prates.

A religiosa apostolina destacou, ao final da celebração, a generosidade de todos os religiosos que ali estavam e descreveu o intuito da missão. “Viemos aqui beber do vinho novo que esta Igreja Marajoara nos oferece. Queremos sair daqui transbordando o vinho novo para nossas congregações, em nossas missões, testemunhando a beleza que aqui encontrarmos nestes dias”, afirmou Ir. Clotilde.

Os primeiros raios de sol da sexta-feira, 19, ainda nem tinham surgido quando nas ruas de Breves uma verdadeira procissão se formou. Os 43 missionários religiosos, unidos a mais um grupo de leigos, caminhavam em direção ao Porto para o embarque no barco “Jorge Neto”. A embarcação foi usada exclusivamente para a distribuição dos missionários no Rio Tajapuru que foi dividido em três setores: Antônio Lemos/Bom Jesus, Porto Liverpool e Santa Inês. Até a primeira comunidade foram cerca de quatro horas de viagem, mais seis horas até o segundo polo e, no último pólo a chegada dos missionários já ocorreu quase no fim da tarde daquele dia. O cansaço foi esquecido com o pôr-do-sol marajoara.

Com os missionários distribuídos em suas respectivas comunidades, foi hora de evangelizar. O povo marajoara viu as águas do Tajapuru e de seus diversos afluentes ganharem novos rostos e sorrisos. Religiosos e leigos, um grupo agora formado por 60 pessoas, de uma ponta a outra levaram a mensagem do Evangelho. Nas rabetas ou trapiches, os missionários assimilaram o estilo de vida daquela porção do povo de Deus e, sentiram na mesma medida a reciprocidade da acolhida e abertura de coração.

“Sair de si mesma” é a definição que a Franciscana de São José, Ir. Mariane Andrade, deu à experiência vivida naquela região. “Ao sair de mim eu pude experimentar a beleza do encontro com este povo e esta cultura ribeirinha, viver uma Igreja em Saída que conhece a realidade local e celebra junto com o povo estes fortes momentos na caminhada eclesial”.

Foram inúmeras atividades desenvolvidas entre o sábado, 20, e a quarta-feira, 24: Círculos Bíblicos, Missas, Celebrações da Palavra, Visitas nas Casas, recreação com crianças e adolescentes, etc. Em cada lugar que se chegava, a alegria dos comunitários era visível. De outro lado, a entrega e ânimo dos missionários se contrastava e formava a beleza de ser Igreja.

A Cáritas Brasileira do Regional Norte 2 também aproveitou o momento das visitas para um levantamento que auxiliará a Cáritas em nível local e regional na elaboração de projetos e no conhecimento da realidade. A leiga Rosane Gomes, da Cáritas Norte 2, esteve acompanhando a ação missionária e recordou a importância da união e solidariedade. “Se aqui todos se unem e reúnem, se ajudam mutuamente, ajudam o dirigente, podemos conseguir muito, podemos pedir e cobrar políticas públicas, exigir aquilo que é direito de todos”, afirmou.

Emocionado, o coordenador do Setor Porto Liverpool, Srº Antônio Carlos Miranda, na Missa de Encerramento da Missão, fez um contraponto sobre algumas mazelas enfrentadas pelos ribeirinhos do Rio Tajapuru. “São coisas desagradáveis aos nossos olhos, aos olhos de Deus e de Nossa Senhora. Existem essas dificuldades, mas existem também muitas famílias que querem fazer transformação neste local, e nós agradecemos a Deus por ter nos proporcionado este momento, esta experiência com tanta gente feliz que testemunhou a presença de Deus para nós nestes dias”, afirmou.

No retorno a Breves, as malas voltaram mais cheias. Na bagagem o volume extra de conhecimento, experiências e tantos sonhos compartilhados com a Igreja Marajoara muito cantada, olhada, vivida e sentida por cada missionário. O penúltimo dia da Missão, a quinta-feira, 25, foi destinada às avaliações e descanso. O retorno a Belém foi na sexta-feira, 26.

Para o bispo prelado do Marajó, dom Evaristo Spengler, que também acompanhou os missionários todos os dias, agora fica a missão de frutificar o que foi semeado. “Vivemos um tempo de Graça com mais de 40 comunidades visitadas e em cada local foi incentivado que cada comunidade se reunisse em torno do essencial da fé que é Jesus Cristo”, destacou. O prelado avaliou como positiva a experiência missionária, a segunda realizada em sua Prelazia (a do ano passado foi realizado dentro do Marajó, no município de Anajás). “Agradeço a generosidade, a doação de cada missionário que deixou seus afazeres, sua famílias, suas missões para estar conosco, que Deus abençoe a todos”, finalizou dom Evaristo.

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Fonte: CNBB Norte – 2