PÁSCOA – Localização provisória

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“Na velha catedral de Molfetta há um grande crucifixo de cerâmica. O pároco, na espera de uma localização definitiva, pendurou-o numa parede da sacristia, acompanhado de um bilhete com as palavras: LOCALIZAÇÃO PROVISÓRIA.

Localização provisória. Penso que não há termo melhor para definir a Cruz: a minha, a tua, não apenas a de Cristo. Coragem! Sua cruz, mesmo se dura a vida inteira, é sempre uma “situação provisória”. Também o Evangelho nos convida a considerar o caráter transitório da Cruz. Há uma frase terrível que resume a tragédia de toda a criação, no momento da morte de Cristo: “Desde o meio-dia até às três horas da tarde, houve trevas sobre toda a terra” (Mc 15,33). São como as margens que impõem limites ao rio de lágrimas humanas. São como as comportas que encerram, em restritos espaços, todos os gemidos da terra. São como as barreiras que comprimem todas as agonias dos filhos dos homens.

Do meio-dia até às três da tarde! Apenas nesse intervalo pode-se estacionar no Gólgota. Fora desse horário, o estacionamento é absolutamente proibido. Depois das três horas, todas as cruzes são retiradas, obrigatoriamente. Permanecer por mais tempo se considera demasiado, até mesmo para Deus.

Coragem, irmão que sofre! Também para você há uma descida da cruz. Há também para você uma piedade sobre-humana. Observe a mão trespassada que da cruz remove a sua. Veja o rosto amigo, ensangüentado e coroado de espinhos que roça em beijo carinhoso sua fronte febril. Olhe o regaço acolhedor de mãe que o envolve com ternura. Entre os braços maternos, vai iluminar-se, finalmente, todo o mistério da dor que agora lhe parece absurda.
Ânimo, irmão! Faltam poucos momentos para as três da tarde. Dentro de pouco, a obscuridade dará passagem à luz, a terra retomará suas corres primeiras e o sol da Páscoa vai raiar entre nuvens fugitivas.”

Paul Fornells

(Tonino Bello, “Alla finestra della speranza”, Ed. San Paolo, Cinisello B., 1988)

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Páscoa é “CRER” no triunfo da vida, do amor, dos sonhos de Deus e de nossos próprios sonhos em Deus.
Infelizmente, nos fixamos (cremos) mais nas cruzes (dificuldades) provisórias do caminho do que na vitória final e definitiva. Somos convidados a colaborar com o Deus da Vida que transforma todas as cruzes do caminho em flores de Páscoa definitiva. Precisamos pedir a Deus que aumente nossa fé para sermos testemunhas do OTIMISMO PASCAL. Podem “afligir-nos por todos os lados”, podemos estar cheios de deficiências pessoais; isso não importa. O único definitivo é o TRIUNFO DE DEUS em nós e em toda a história humana.
“Não deveis ficar lembrando as coisas de outrora, nem é preciso ter saudades das coisas do passado. “Por que procuram entre os mortos aquele que está vivo? Não está aqui, ressuscitou” (Lc 24,5). Parece-me ouvir as palavras de Isaías e de Maria Madalena dirigidas a nós, diante de nossas pedras e sepulcros: E vocês, por que depois de tantos anos com o Senhor, não se dão conta que o novo já está surgindo? Já está aqui. Não estão vendo?
Sim, como cristãos, precisamos prender em nossas cruzes um bilhete que lembre: “localização provisória”. Feliz Páscoa da Ressurreição!

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