Papa às detentas: uma pena sem reinserção é uma tortura

Compartilhe nas redes sociais

Compartilhar no facebook
Facebook
Compartilhar no whatsapp
WhatsApp
Compartilhar no twitter
Twitter
Compartilhar no telegram
Telegram

Papa Francisco visitou o Centro penitenciário feminino da capital chilena e ofereceu uma mensagem de esperança às presidiárias

Papa Francisco saúda detentas no Centro Penitenciário Feminino de Santiago (Vatican Media)

Um dos momentos mais significativos do primeiro dia (16) de visita ao Chile foi o encontro do Papa com as presidiárias do Centro penitenciário feminino de Santiago. O ginásio onde ocorreu o evento estava decorado com faixas coloridas que repropunham ideais e pensamentos do Santo Padre acerca do sistema penitenciário.
Depois de ouvir a saudação da Ir. Nelly León, encarregada da Pastoral do Centro, e do testemunho da reclusa Janeth Zurita, Francisco dirigiu aos funcionários, presas e suas famílias um discurso repleto de emoção, brincadeiras e, sobretudo, encorajamento.

O Pontífice agradeceu a oportunidade deste encontro, de modo especial pelas palavras da reclusa de pedir perdão a todos os que foram feridos com os delitos. “Obrigado por nos lembrares esta atitude, sem a qual nos desumanizamos, perdemos a consciência de ter errado e de que somos chamados a recomeçar cada dia. Não se deixem coisificar. Vocês não são a presa ‘número tal’. Vocês têm um nome e sobrenome’.

Francisco pediu para superar a lógica simplória de dividir a realidade em bons e maus, para entrar numa outra dinâmica capaz de assumir a fragilidade, os limites e também o pecado, para nos ajudar a seguir em frente.
“Quando entrei, estavam à minha espera duas mães com os seus filhos e algumas flores. Assim me deram as boas-vindas, que bem se podem expressar em duas palavras: mãe e filhos.”

Mãe

O Papa falou sobre cada uma dessas palavras, a começar por “mãe”, que significa gerar a vida.

A maternidade não é, e nunca será, um problema; é um presente, um dos presentes mais maravilhosos que vocês poderão ter. Hoje vocês se encontram perante um desafio muito parecido: trata-se ainda de gerar vida. Hoje lhes é pedido que deem à luz o futuro; que o façam crescer, que o ajudem a desenvolver-se. ”

As mulheres, disse ainda Francisco, têm uma capacidade incrível de se adaptar às situações e seguir em frente. “Hoje gostaria de fazer apelo à capacidade de gerar futuro que vive em cada uma de vocês. (…) Ser privadas de liberdade não é o mesmo que ser privadas de dignidade. Por isso, é necessário lutar contra todo o tipo de clichês, de rótulos que digam que não se pode mudar, ou que não vale a pena, ou que o resultado é sempre o mesmo. Não, queridas irmãs! Não é verdade que o resultado é sempre o mesmo. Todo o esforço que se fizer lutando por um amanhã melhor sempre dará fruto e será recompensado”, encorajou o Papa.

Filhos

A segunda palavra é filhos: estes são força, são esperança, são estímulo, disse Francisco. “São a memória viva de que a vida se constrói olhando para a frente e não para trás”, acrescentou, estimulando as presidiárias a levantarem sempre o olhar para o horizonte, para a frente, para a reinserção na vida comum da sociedade.

“Todos sabemos que muitas vezes, infelizmente, a pena da prisão se reduz sobretudo a um castigo, sem oferecer meios adequados para gerar processos. E isto está errado. A segurança pública não se deve reduzir apenas a medidas de maior controle, mas sobretudo deve ser construída com medidas de prevenção, com trabalho, educação e mais vida comunitária.”

Dignidade

O Papa insistiu na importância da reinserção. “Uma pena que não tem a reinserção na sociedade é uma tortura.” Para Francisco, as presas têm o direito de exigir programas de reinserção e, a sociedade, a obrigação de acolhê-las novamente ao convívio social. “Dignidade gera dignidade”, frisou. “Ninguém tem o direito de tirar a dignidade de vocês. Vocês estão privadas de liberdade, não de dignidade.”

O Santo Padre concluiu seu discurso saudando também os agentes de pastoral, os voluntários, os funcionários e suas famílias.
“A Maria, pedimos-lhe que interceda por vocês, por cada um dos seus filhos, pelas pessoas que trazem no coração e os cubra com o seu manto. Estas flores que me deram de presente, as levarei a Nossa Senhora em nome de todas vocês. De novo, obrigado!”

FONTE: https://www.vaticannews.va

Publicações recentes