Nomeação para a Congregação para a Doutrina da Fé

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O site da revista “America”, dos jesuítas americanos, anunciou no fim da tarde deste sábado (14) a nomeação do arcebispo de Boston, o cardeal franciscano Sean P. O’Malley, como membro pleno da Congregação para a Doutrina da Fé. O’Malley é um cardeal progressista, da confiança de Francisco. O Vaticano, segundo a revista, confirmou a notícia por volta de 12h deste sábado em Roma (15h em Brasília), mas não houve até o momento divulgação oficial da notícia pelos canais de comunicação da Santa Sé.

A nomeação é um estrondo. A Congregação para a Doutrina da Fé, sucessora do Santo Ofício, sempre foi dominada pelos conservadores e promoveu nas últimas décadas perseguições a teólogos, teólogas, sacerdotes e leigos progressistas. O prefeito (chefe) da Congregação é o cardeal alemão conservador Gerhard Müller, que buscou aproximações com o Papa nos últimos meses e distanciou-se do grupo radical dos quatro cardeais das “dubia” que lideram uma mini rebelião a Francisco. Com a chegada de O’Malley à Congregação, o equilíbrio de forças sofre uma mudanças história -estará ele sendo preparado para a sucessão de Müller?

Há outro aspecto relevante na decisão, que foi destacado na reportagem de America: o cardeal O’Malley é também o presidente da Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores que Francisco instituiu em 2014. Com a nomeação, segundo o próprio Vaticano, passa a haver uma ligação direta entre a mais antiga e poderosa Congregação da Cúria e a comissão que cuida dos casos de pedofilia e abuso sexual, até agora muito ativa, mas sem poder real.

A decisão de Francisco indica claramente que ele não recuará nas reformas nem está intimidado pela estridência conservadora, que mobiliza mídias e dinheiro ao redor do mundo para combatê-lo. As reformas seguirão em frente.

Aguarda-se para as próximas horas uma reação furibunda dos “contras”, que já haviam ficado perplexos com o que consideram uma “traição” de Müller, que numa entrevista a uma TV italiana há uma semana censurou as iniciativas dos cardeais rebelados (leia a reportagem deste blog sobre o assunto: “Os conservadores perdem o chão: Müller apoia o Papa e condena os quatro cardeais“). Há dois dias, os conservadores ficaram novamente indignados com a decisão dos bispos de Malta de apoiar a Amoris Laetitia e permitir a comunhão de divorciados em segunda união. A pequena Malta tem pouquíssima relevância no contexto do catolicismo global, mas ganhou destaque com a rebelião da Ordem de Malta contra o Papa, estimulada por seu patrono, exatamente o cardeal líder da marcha ultraconservadora, Raymond Burke.

Fonte: https://www.periodistadigital.com

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