Missionários em Gaza: “Para onde vamos? Não há lugar seguro”, diz padre Hernández

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Gaza é pequena. Tudo está perto. Não há um lugar seguro, neutro, que possa nos acolher. Para onde vamos?”. Em relação ao clima, padre Jorge escreve que esta guerra não era imprevisível. “Nós também recebemos o convite, estendido aos moradores das áreas de Beit Hanoun e de Beit Lahia, para abandonar imediatamente as casas. E, como todos, perguntamo-nos: “Para onde ir?”. Gaza é pequena. Tudo está perto. Não há um lugar seguro, neutro, que possa nos acolher. Para onde vamos?”.

Por Giorfio Bernardelli| 17.07.14| O padre Jorge Hernández, religioso do Verbo Encarnado, descreve a partir da Paróquia latina da Sagrada Família, em Gaza, como sua comunidade vive nestes dias. Ele também vive sob as bombas que chovem do céu, e não é a primeira vez para este sacerdote argentino que, há alguns anos, conduz a pequena comunidade católica que vive na Faixa de Gaza. São uns 200 fiéis em um território no qual os cristãos somam menos de 2000 no total. Há anos, compartilham todos os sofrimentos da população civil, isolada hermeticamente em um território de apenas 360 quilômetros quadrados, no qual vivem quase 1,8 milhão de pessoas.

Na quarta-feira passada, justamente quando quatro crianças morreram após o impacto de um míssil israelense, enquanto brincavam, também na Igreja da Sagrada Família foram vividos momentos de pavor: três mísseis caíram muito próximo dos edifícios da paróquia. Por este motivo, decidiu-se, ontem, que as três freiras que colaboram com o padre Jorge (e que pertencem à mesma congregação) saíssem de Belém.

Como são estrangeiras, só puderam sair da Faixa de Gaza durante o breve cessar-fogo humanitário obtido pela ONU. No entanto, o pároco permanece, mas não está sozinho, porque agora o acompanham as freiras de Madre Teresa, que se mudaram ali com as crianças deficientes que acompanham em Gaza. Também o seu instituto está em uma área na qual caíram mísseis, razão pela qual pensaram que a Igreja da Sagrada Família era um lugar mais seguro.

Nestes dias tão delicados, o padre Jorge tem mantido seus contatos com o exterior por meio de algumas cartas que publica na página de Facebook do Instituto do Verbo Encarnado. Destes textos, surge a descrição da vida cotidiana em uma paróquia sob as bombas. “Nestes dias, preparava a pregação do domingo, e pensava: o que se prega para essa gente? Como confortá-los? Que difícil! E, além disso, virá alguém?… Hoje, domingo, pudemos celebrar a Santa Missa, graças a Deus, com a presença, além das sete religiosas, de cinco valorosos homens. Muito edificante, dado as circunstâncias”.

“Uma família cristã – aponta em outra carta – se viu atingida quando a casa contígua à sua foi bombardeada. Janelas estilhaçadas, fumaça, grito, confusão. Esse foi o trágico cenário da noite de ontem para esta família. Também é preciso levar em conta as crianças que começam a ficar doentes pelo medo, o estresse, a repercussão das ondas de choque, o ruído contínuo”.

Em relação ao clima geral que se vive em Gaza, o padre Jorge escreve que esta guerra não era imprevisível: “Esperávamos há tempo uma intensificação militar – explica -, e que poderia durar muito tempo. A única coisa que surpreendeu foi que se registrou uma resistência em maior escala e uma melhor preparação por parte das autoridades locais em relação às guerras anteriores. Que o Hamas tenha golpeado Telavive e Jerusalém não é pouca coisa”. Acrescenta que teme que com a guerra se crie uma reação islamista na Faixa de Gaza contra os cristãos: “Vendo o que acontece em outras partes, não seria surpresa”, comenta. E por este motivo, acrescenta, é admirável a força dos cristãos de Gaza, que sabem muito bem que estão apenas nas mãos de Deus.

Fonte: Vatican Insider

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