“Missão é ter ouvidos e coração que escutem o grito do pobre”, diz irmã Tea

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Por Rosli Lara| POM| 13.05.2015| A dimensão bíblica da missão foi o tema tratado neste início de semana (11 e 12) no curso de formação missionária, promovido pelo Centro Cultural Missionário (CCM) de Brasília e a Comissão Episcopal para Amazônia, em parceria com a Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB).

A formação teve início no dia 5 de maio, com participação de 18 pessoas, em sua maioria religiosas e sacerdotes, com atividade pastoral ou missionária, nos estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Pernambuco, Ceará, Maranhão, São Paulo, Goiás, Rio de Janeiro e do Distrito Federal.

O curso de formação missionária terá duração de 24 dias e aprofunda as diversas dimensões da missão: antropológica, bíblica, histórica, geográfica, ecumênica, pastoral, espiritual e teológica.

Os assessores são doutores, mestres, pesquisadores, especialistas em diferentes campos do conhecimento, que atuam como assessores do CCM, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e CRB.

A intenção é de capacitar missionários nas diversas dimensões, tanto os que atuam na pastoral missionária, como os que desejam ser enviados a regiões e situações tipicamente missionárias no Brasil, particularmente a Amazônia.

Programa
A formação foi aberta em 5 de maio, com acolhida aos participantes.
Nos dias 6 e 7, a assessora foi a irmã Maria de Fátima Morais (ASCJ), psicóloga, assessora da CRB e doutora em Ciências da Religião pela PUC/SP.

Irmã Maria de Fátima abordou a dimensão antropológica da missão, refletindo a partir de narrativas dos evangelhos, como em Mc 6,6: Começou a percorrer as redondezas, ensinando nos povoados; Mc 1,38: Vamos para outros lugares, foi para isso que eu saí e Mc 1,41: Cheio de compaixão estendeu a mão e tocou nele. A assessora tratou da dimensão cognitiva e afetiva da missão.

“A missão hoje. Mudanças de paradigmas e deslocamentos fundamentais para uma compreensão: fundamentos, dinâmica, horizontes e tarefas”, foi o tema tratado na sexta (8) pelo secretário executivo do CCM, padre Estevão Raschietti, mestre em missiologia.

No sábado (9) o secretário nacional da Pontifícia União Missionária, padre Jaime C. Patias, tratou sobre  animação e cooperação missionária.

Dimensão bíblica da missão

A irmã Tea Frigerio (MMX), pós-­graduada em assessoria bíblica e membro da equipe de formação do Centro de Estudos Bíblicos (CEBI) assessorou a formação missionária nestes dias 11 e 12 de maio. Irmã Tea iniciou com a chave bíblica em Êxodo 3: Tenho ouvido seu clamor, por causa dos seus feitores, e sei o quanto estão padecendo. Por esse motivo desci a fim de livrá-los.

A religiosa ressaltou que há diferentes formas se refletir sobre a missão na Bíblia.

“Se a gente reflete no sentido de uma Igreja em saída, temos que nos interrogar: saída para onde e olhando para quem? Se os nossos pés pisam lá onde os pobres, onde os pequenos pisam, nosso olhar em busca da missão vai assumir uma direção. Mas se nossos pés pisam no centro da Igreja, ai pode ser que a gente olhe a missão como implantação de doutrina, conquista, não da missão que escuta o grito de quem está no sofrimento”, interroga.
Um Deus que se desloca

Irmã Tea enfatizou ainda que a narrativa do Êxodo é um texto inspirador de Javé que “vê, conhece, escuta e sabe”, acrescentando ser este um dos textos bíblicos, onde se fala pela primeira vez, de um Deus que se desloca. “Porque Deus se desloca, porque ele escuta o grito. Ele vê o sofrimento e se desloca”, diz.

Ligação de conjuntura

A religiosa destaca que a primeira convicção do missionário é saber que a missão é de Deus, não é nossa. Assim, se Deus se desloca, se torna um Deus de misericórdia, por causa do grito, da dor, do sofrimento, a missão de hoje, deve ser esta. “Porque Ele diz a Moisés, vá eu te envio. Então este vá, eu te envio, deve se tornar nosso. Não porque a missão é nossa. A missão é de Deus. Então missão hoje, é ter estes ouvidos, um coração que conhece o grito do pobre, dos humilhados, dos excluídos, dos que tem a vida ameaçada.

Irmã Tea concluiu refletindo narrativas do Segundo Testamento, onde Jesus mostra quem são os destinatários de sua missão: “Os amigos de Jesus são os doentes, os que estão à margem do sistema da religião judaica. Ele os torna destinatários e protagonistas da missão, como no caso da samaritana”.

O povo clama

Para a irmã Ana da Glória (PENRES) do Vale do Jequetinhonha (MG) o curso abriu horizontes. “A congregação vai abrir uma casa de missão. Estamos estudando o local, é possível que seja na Amazônia. Vamos atender o apelo do papa, da Igreja. Não podemos ficar acomodados, o povo clama. Eu vou em missão no próximo ano. O curso está indo além do que eu esperava. Dá uma base para aprofundamento. Valeu a pena, a gente se ausentar. Formação muito rica, porque a Palavra de Deus é a base para a missão”, avalia.

Já o padre Manoel Idalgo, destaca que a visão apresentada pelo curso de formação missionária mostra que houve uma evolução do horizonte missionário. “Antes, o destinatário era o povo de Israel, ou seja, uma religião para dentro, uma fé interna. Hoje, a igreja é universal, para fora, para todos”, ressalta.

Padre Manoel Idalgo inicia uma nova missão no Amapá, em 2016.

O curso de formação missionária ocorre no CCM, em Brasília até o dia 28 de maio.

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