Missão da V.R.C. Jovem na Prelazia do Marajó

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De 14 a 29 de julho aconteceu a IV Missão da Vida Religiosa Jovem na paróquia de Anajás, prelazia do Marajó. Participaram da missão 26 missionários e missionárias de 18 congregações e provenientes das mais variadas regiões do Brasil; 4 jovens missionários da RCC da cidade de Afuá/PA; alguns jovens da PJ de Anajás; um casal da Fraternidade João Paulo II; as irmãs da Caridade de Santana e da Fraternidade João Paulo II. A missão foi coordenada pelo Setor Juventudes e Missão da CRB Nacional em parceria com a CRB Regional Belém, o Núcleo da CRB de Anajás e o pe. Antonio Neto, pároco de Anajás.

No segundo semestre de 2017 a proposta da missão foi feita a Dom Evaristo Spengler, bispo da Prelazia do Marajó, que acolheu com muito entusiasmo e carinho a iniciativa e levou ao Conselho Pastoral da Prelazia a proposta da missão que prontamente foi acolhida pela paróquia Menino Deus de Anajás. Esta paróquia fica no centro da Prelazia e é composta por diversas ilhas onde estão as várias comunidades ribeirinhas organizadas em mais de 10 setores com 5 a 10 comunidades eclesiais cada setor.

Na chegada em Belém o grupo foi acolhido pela coordenadora e assessora da Regional Belém e ficou hospedado na casa da Prelazia. Dom Evaristo Spengler e ir. Noemi, Fraternidade João Paulo II, acolheram o grupo na casa da prelazia para um tempo de integração e formação sobre a realidade da Amazônia, a Prelazia do Marajó e a paróquia de Anajás.

O primeiro desafio enfrentado foi à viagem de barco até Anajás; um total de 20 horas de barcos divididas em duas etapas… seis horas de Belém a Breves, e mais 14 horas de Breves a Anajás. Porém, a acolhida do povo de Anajás, das irmãs e do pároco foram tão quentes quanto a temperatura local.
Os dois dias passados na cidade Anajás serviram para “mergulhar os pés em águas mais profundas”, como afirmou D. Evaristo na missa de acolhida em Anajás.

Este mergulho se deu por meio do entrosamento com os agentes de pastoral e coordenadores de setores nos momentos de partilha e formação e pela manhã de visita às famílias da comunidade Santa’Ana que estava em festa.

O mergulho mais profundo se deu mesmo a partir do dia 19 de julho quando o grupo foi subdividido em cinco equipes e enviados aos setores Aramã, Mocoões, Alto, Alto Catispera e Freitas com o objetivo de permanecer cinco dias em missão junto as comunidades ribeirinhas de cada setor. Estes setores compreendem uma média de 5 a 10 comunidades com uma média de 12 a 30 famílias espalhadas em vários igarapés; algumas equipes tiveram que fazer até 2 horas de rabeta (uma casco pequeno com motor) para visitar uma família, ou arrastar o casco em meio a lama pois alguns igarapés baixam muito o volume de água que só se chega a pé.

Em cada família uma partilha, um rosto, uma história, inúmeras crianças com seus rostos curiosos mas tímidos. Junto as famílias cada missionário/a pode experimentar de as alegrias, dores de um povo simples, acolhedor, guerreiro e cheio de fé, mas também ver de perto os descaso do poder público na área da educação (quantas escolas sem merenda, ou o mínimo de condições físicas para uma pessoa estudar, falta de recursos pedagógicos), da saúde (ausência de posto de saúde próximo, de medicamentos contra malária ou recursos básicos casos de emergência) e as várias problemáticas sócias que emergem em uma realidade pobre e explorada. O período de permanência junto às comunidades ribeirinhas, de 20 a 25 de julho, foi marcado pela visita as famílias, formações e celebrações junto ao povo.

Na avaliação dos dias de missão, ao retornarem em Anajás, o grupo foi convidado a partilhar o que deixavam e levavam consigo.
Muitos frisaram que levavam consigo: um novo rosto de Deus, mais encarnado na vida do povo; a luta corajosa dia a dia por saúde, educação e o respeito por sua dignidade; a face de um povo guerreiro com coração puro e generoso; de comunidades acolhedoras e com sede da Palavra, do encontro com Deus. Deixavam: o grande desejo de voltar; o compromisso de fazer ecoar em suas várias realidades a luta do povo e da Igreja Marajoara por dignidade, respeito pela cultura e tradição dos povos ribeirinhos.

 

Um poema feito pelo jovem Fabrício – Missionário RCC de Afuá/PA – revela um pouco do que foi este tempo de missão e conversão à realidade Amazônica para cada um de nós.

Ir. Clotilde Prates de Azevedo, ap
Assessora do Setor Juventudes

MISSIONÁRIOS PAI D’ÉGUA
Afinal, de onde vocês vieram mesmo?
Do norte, do sul, do leste ou do oeste, de dentro ou de fora daqui?
Já sei! Vieram do centro, do centro do coração de Deus.
E quem é essa gente que tem medo de tudo? Que toma açaí sem farinha e ainda com açúcar?!
Que nada sabe, tudo é novo?
Que toma banho com cuia e não com os botos?
Quem são esses abobados já
Que no primeiro balanço do barco se agarram nos coletes?
Não são eles?
Eles quem? Tu os conhece?
Mas claro, mano!
São os enviados de Jesus, os missionários do AMOR.
Os que iam deixar tudo pra ganhar cem vezes mais.
Não temos nada a lhes oferecer,
Mas a gratidão nós levamos na bíblia, no terço, nas conversas…
Nossas mesas estão tão vazias que baixo a cabeça e lembro:
Ei, não eram esses que deveriam só passar?
E passaram… deixando saudades na hora da mesa que ficou grande demais pra nós apenas.
Vão, meus amigos!
Avancem para águas mais profundas agora, Pois estas aqui ficarão com o cheiro de vocês.

E lembrem-se: agora somos uma só carne e um só coração.

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