MEB – Carta de Recife

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C A R T A DE R E C I F E
“[…] não esqueçam a regra de toda paz, de toda justiça, de toda solidariedade: servir e fazer que sejam servidos, primeiro e em todo lugar os mais pobres”.

– Dom Hélder Câmara e Abbé Pierre, Apelo aos humanos, (Recife, 1996)
No período de 21 a 23 de março de 2019, na cidade de Recife, educadoras e educadores populares de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe e do Distrito Federal, estiveram reunidos com os Bispos do Conselho Deliberativo e o Secretariado Nacional do Movimento de Educação de Base (MEB), organismo vinculado a CNBB, para refletir a sua trajetória, a realidade sociopolítica do Brasil e para pensar o presente e o futuro do Movimento.

O evento, como atividade comemorativa dos 58 anos do MEB, inicia o processo de preparação dos 60 anos do Movimento. Em Recife, viemos ao encontro inspirador de Dom Hélder Câmara e Paulo Freire. Os dois, juntos, representam o compromisso do MEB com os sofrimentos e as esperanças das pessoas empobrecidas e oprimidas, afirmado na identidade e prática pedagógica do Movimento de Educação de Base.

Decididos a levar adiante o processo de renovação do MEB e firmar o seu lugar na sociedade do século XXI, como movimento cristão e de educação popular, manifestamos a nossa preocupação com o grave momento histórico que o Brasil vive. Para além de uma situação conjuntural, identificamos as causas estruturais da difícil realidade em que vivemos, e profeticamente denunciadas nas palavras do Papa Francisco, que nos diz: “Enquanto não forem radicalmente solucionados os problemas dos pobres, renunciando a autonomia dos mercados e da especulação financeira, e atacando as causas estruturais da desigualdade social, não se resolverão os problemas do mundo e, em definitivo, problema nenhum” (Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, 2014).

Nossa posição na Igreja e na sociedade, assim como fizeram Dom Hélder Câmara e Paulo Freire, é a partir do lugar onde as pessoas pobres vivem e desenvolvem ações de defesa da dignidade humana e de conquista dos direitos a elas negados, para construirmos juntos uma sociedade justa e fraterna. Nossas práticas educativas, na Educação Popular no Brasil e América Latina, são nossos testemunhos e nossa contribuição àquela mudança das pessoas que nos torna capazes de transformar a sociedade, para que este planeta seja de verdade nossa casa comum.
Partícipes de uma Igreja comprometida com a justiça social e com a ecologia, e de uma educação popular emancipadora, convocamos as mebianas e os mebianos, as educadoras e educadores populares de todo o Brasil, a darmos as mãos para continuar a caminhada e enfrentar os desafios que o momento histórico nos apresenta.
Com esperança e fé,

 

Recife, 23 de março de 2019.

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