Diácono ugandês reflete sobre “Espírito de Família” como característica do missionário

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Por Jaime C. Patias| 05.02.14| O Espírito de Família proposto por José Allamano e vivido pelos missionários da Consolata no Continente americano com a contribuição europeia, asiática e americana. Este foi o tema de espiritualidade apresentado nesta terça-feira, dia 4, pelo diácono ugandês, Lawrence Ssimwba, durante a Assembleia Continental dos missionários da Consolata que acontece em Bogotá – Colômbia.

Lawrence é graduado em educação, estudo feito antes de ingressar no seminário do IMC, em Uganda no ano 2004. Concluiu os estudos de teologia em Bogotá e depois fez pastoral por um ano em Sucumbiu no Equador. Foi ordenado diácono e atualmente trabalha com a Pastoral Afro na cidade de Cali. Sua ordenação sacerdotal está prevista para o mês de agosto deste ano.

Inspirado no texto do Evangelho de Marcos (3, 31-35), Lawrence mostrou que Jesus apresentou uma nova família, não segundo o sangue, mas segundo a vontade de Deus. “Também José Allamano concebe uma família assim que congrega gente de vários países para fazer a vontade de Deus”, sublinhou o diácono para, em seguida recordar que, ser “uma família” foi o sonho do Fundador para o Instituto. “Recordo que o Instituto não é um colégio, mas uma família onde todos somos irmãos”, dizia Allamano.
Fundado em 1901 no norte da Itália, o Instituto Missões Consolata começou restrito à região do Piemonte, norte da Itália. Em 1902 foram enviados os primeiros quatro missionários para o Quênia, África. A obra se expandiu pela Europa, América e Ásia. Hoje os seus missionários atuam em 27 países e contam com cerca de mil membros originários de 26 países (433 europeus, 389 africanos, 154 latino-americanos, quinze norte-americanos e seis asiáticos).

Este panorama forma uma “família internacional, pluricultural e multiétnica”, constatou Lawrence. “Essa variedade não é uma ameaça, mas representa uma riqueza, uma oportunidade que ajuda a ler os sinais dos tempos e a viver nossa diversidade na unidade onde todos ganham e crescem”.

Lawrence explicou também, o significado do seu nome. Em 1982, uma guerra assolava Uganda e ele nasceu a caminho da maternidade. Então o chamaram “Ssimwba”, que quer dizer ‘caminho’. “Como missionário, até hoje eu me encontro a caminho”, relatou.

Na relação intercultural, cada um tem sua cosmovisão e identidade. “O que nos mantém unidos é um só objetivo: anunciar o Reino de Deus. Somos missionários ad gentes, pobres e por toda a vida. Por isso o Espírito de Família se torna uma espiritualidade”, argumentou Lawrence. Para ele, é isso que nos faz viver com o diferente conforme ensinava José Allamano que costumava dizer: “Faltam-nos outras virtudes, porém a caridade não, uma vez que sem a caridade a vida comunitária se torna insuportável”.

Outra característica do Espírito de Família é a economia de comunhão que deve identificar o missionário da Consolata. Para isso se necessita uma formação voltada para a interculturalidade. A propósito disso, a congregação já fez um biênio de reflexão sobre o tema.

Sobre as contribuições específicas que pode oferecer, Lawrence explicou que, “para um africano, viver em família, em comunidade, com outros, não é algo estranho. O africano cresce sabendo que o outro é seu irmão. O ‘eu’ do africano dá lugar ao ‘nós’. O ‘meu’ ao ‘nosso’. As dificuldades para viver esses princípios estão nas pessoas”, defendeu.

Lembrou ainda que, o Espírito de Família inspirou os líderes da independência em muitos países africanos, como Julius Nyerere (Tanzânia) que desenvolveu o conceito do Ujamaa (irmandade); Nkwame Nkurumanh (Gana) inspirado na unidade familiar; e Nelson Mandela (RSA) com o Ubuntu, filosofia que se expressa na afirmação: “eu sou por que somos”.

“Como em toda a África”, recordou Lawrence, “estes são países formados por muitas etnias sendo a unidade um grande desafio, mas o Espírito de Família, vivido numa perspectiva coletiva se torna a base para a unidade. É difícil encontrar um africano que fale uma só língua. Por causa da convivência com outras culturas na região, todos falam mais do que um idioma e crescem ‘interculturalmente’. O missionário africano pode contribuir para uma espiritualidade de resistência, um estilo de missão mais simples, confiando na providência de Deus”, avaliou.

Religiosidade popular, reflexão teológica, articulação entre fé e vida, participação dos leigos, emancipação da mulher e proteção do meio ambiente são, segundo Lawrence, algumas características que enriquecem a vida e o estilo de evangelização no Continente.

A programação do dia abriu espaço para a apresentação das propostas nas diversas áreas de atuação.

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