Por Jaime Patias| 30.11.13| A programação desta sexta-feira, dia 29, no 4º Congresso Missionário Americano (CAM 4 – Comla 9) que acontece na cidade de Maracaibo (Venezuela) abriu com uma oração conduzida pela Pastoral Indígena. Cânticos, danças e orações misturavam-se aos símbolos trazidos por diversos indígenas. O momento místico ressaltou o ambiente multicultural da assembleia que reúne cerca de 3 mil pessoas de 24 países.
A partilha seguiu no restante da manhã com testemunhos de missionários e missionárias atuando em diversas partes do mundo, a exemplo da Irmã franciscana, Monserrat Simon, espanhola que trabalha na Argélia, país africano predominantemente muçulmano. “O Deus em quem cremos nos ensina que somos todos irmãos e juntos partilhamos a vida”, afirmou. Antes de se fixar na Argélia, Irmã Monserrat trabalhou no Japão e no Marrocos.
A religiosa revelou que nunca sentiu tão forte as palavras de Francisco de Assis que diz: “Quando um irmão ou uma irmã sente o chamado de ir aos muçulmanos que vá desarmado e disposto a obedecer a todos, e que se um dia lhe perguntarem por que atuas assim, pode dizer com simplicidade, dando razão do seu ser”, recordou. Na Missão, “me sinto plenamente vivendo com simplicidade, com paz e com alegria no meio dos irmãos”, completou. Ela explicou ainda que, quando questionada sobre a sua presença num país islâmico, responde: “Estamos aqui por que vocês são nossos irmãos e somos todos iguais, chamados à plenitude da vida”, e acrescentou, “não devemos considerar todo o muçulmano um terrorista. No meio deles, o que o Senhor nos pede é sermos instrumentos de paz. É uma chamada à unidade, a compreender que ninguém possui a verdade e que com humildade podemos construir pontes”, completou.
Deslocamento interior
Em seguida veio o testemunho do padre mexicano, Ricardo Jimenez, um jesuíta mexicano que trabalha há 13 anos na Argélia onde dirige um colégio com 4 mil alunos, todos muçulmanos. “No norte da África, mais do que deslocar-se geograficamente devemos fazer um deslocamento interior. Para o missionário, o movimento mais importante e também mais difícil é o deslocamento interior”, afirmou padre. Para ele, o missionário tem vontade de acolher o novo, receber e encontrar-se com o outro. Por isso a abertura para a mobilidade. “Precisamos nos deslocar de uma Igreja com poder, para uma Igreja sem poder, e isso nos ensina a humildade. A Igreja não deve se identificar com o poder, mas com Cristo e com o serviço”, acrescentou.
Padre Ricardo destacou ainda a importância da formação para a missão. “O missionário não é um ‘ignorante’, mas estuda muito, se prepara, aprende línguas, culturas… E o mundo secularizado exige que estejamos bem preparados”. Segundo o jesuíta, os conteúdos das conferências apresentadas no Congresso, se concretizam na vida dos missionários que deixam sua cultura para viver em outras culturas.
Após os testemunhos, a coordenação apresentou um esboço da síntese final do CAM 4 – Comla 9 que recebeu algumas contribuições da assembleia. A leitura da mensagem final feita no início da tarde encerrou as atividades no Palácio de Eventos.
O Congresso que começou no dia 26 de novembro, encerra suas atividades neste sábado com uma missão na Praça da Basílica de Nossa Senhora de Chiquinquirá, o mesmo lugar que recebeu a celebração da abertura. Antes de dispersar, no domingo, 1º de dezembro, os congressistas terão ainda missas nas paróquias e atividades com as famílias que os recebem.