Amor

Compartilhe nas redes sociais

Compartilhar no facebook
Facebook
Compartilhar no whatsapp
WhatsApp
Compartilhar no twitter
Twitter
Compartilhar no telegram
Telegram

O big bang – a explosão primordial – princípio da aventura do universo, a teoria da ciência para a criação, fascina pela beleza da criatividade do amor divino. Criar: uma das essências do amor. O amor de Deus pairava entre o pó da explosão e, a partir da poeira cósmica, a energia criativa modelou a matéria. Mais que isso: a criatividade, inesgotável, fertilizou a Terra para despertar a vida. Mistério. Não somos capazes de perscrutar a mente de Deus, mas conhecemos seu coração: amor.

Deus não precisa dar-se uma segunda possibilidade de nos amar, porque seu amor é completo: infinito e gratuito. Por isso, o pó das estrelas de que somos feitos não se juntará novamente para nos recriar, e o espírito divino não voltará a soprar nossas narinas. Para o amor criativo e perfeito, não há rotina. Como o ouro que necessita da ação do fogo para se depurar, o ser humano precisa de obstáculos e sofrimentos e da experiência do amor para conhecer a sabedoria.

O amor divino perpassa toda a criação. Tudo está encharcado do amor. Theilhard de Chardin fala do “amor do ser pelo ser”. Energia que faz com que tudo esteja integrado em favor da vida. Quando interagimos com um ser, tocamos na integridade de toda a existência. De acordo com nossa ética e espiritualidade, essa interação pode ser destrutiva ou construtiva. Uma responsabilidade apenas humana, porque, ao contrário dos demais seres, recebemos o dom de refletir sobre nossos atos, fonte da ética.

Para Moliére, gênio da literatura francesa, “o amor é um mestre admirável que nos ensina a ser o que nunca fomos; e, muitas vezes, com as suas lições, muda completamente, num instante, os nossos costumes”É um ato de amor para conosco e para com o outro a mudança criativa de nossos costumes. Se temos o costume da guerra e da violência, que agridem a vida; se temos o costume da amargura, de falar mal do outro, de ver apenas os defeitos da vida, da família, da escola; se…, talvez seja tempo de cultivar o amor, que areja nosso coração e purifica nosso olhar. Entretanto, acostumamo-nos demais conosco, não percebemos nossas fraquezas, achamos que as pessoas têm obrigação de nos suportar. Segundo a Marquesa de Lambert, “vivemos com nossos defeitos como com os cheiros que carregamos: já não os sentimos; eles só incomodam aos demais.”

Não nos damos apenas o direito de desfigurar a beleza da criação, explorando-a e destruindo-a. Temos também a audácia de enfear a imagem genuína do Criador. A promoção de guerras em nome de Deus e o uso da religião para alienar e dominar dão-nos a imagem de um Deus apenas normativo, em vez de amoroso, e podem deturpar para sempre a espiritualidade, deixando-nos cegos para ver o encanto e a magia da Terra e para um contato mais profundo com o coração humano e o coração da natureza.

Energia vital, o amor imita o big bang, que espouca e se expande, e o movimento amoroso é condição para que se desenhe a vida. Não seria amor, se permanecesse imóvel, fechado em redoma. Como energia irradiante, o amor lança flechas benignas que, em vez de ferir, abrem passagem para mudanças de costumes e para novas ações. Quem cultiva o amor cria as mais sutis formas de tornar belos seus atos.

Um grão de ouro tem as mesmas propriedades básicas de uma gigantesca pepita. Como grãos divinos, herdamos as principais características de Deus: a capacidade de amar e a possibilidade de criar.

Ir. Lauro Daros

Publicações recentes